Mais uma Taça

Acabou.
Assim que todos se foram me veio um sentimento que eu não estava só.
E realmente nunca me sinto só. Creio em Deus e sinto seu cuidado.
Mas estou dizendo de presença física mesmo.
Pronto, olhei para o lado e lá estavam eles...
“E aí Tio! E agora? O que você vai fazer?”
Confesso que a dor no pé quase respondeu a pergunta dele.
Olhei e vi na minha frente uma arena inteira para desmontar.
E não permito que a Federação toque em nada para desmontar. Sob pena da não realização do evento no ano seguinte. Eles ajudam a montar, quase não dormem, trabalham arduamente durante o evento e ainda percorrem muitos quilômetros até suas casas. Não é justo pois eu termino, mesmo que sozinho, antes deles chegaram em seus lares.
Me mantenho firme com as minhas dores e parto para a desmontagem.
Retiro cada peça gráfica como se fosso um ritual.
Como parte desse ritual, já tenho a certeza que todos os anos serão assim. Estarei sozinho por minutos. Porque eles não agüentam e se aproximam para ajudar.
Mesmo que eu queira mais silêncio, é impossível não rir ou não observar suas brincadeiras.
E se querem ajudar, então que ajudem! Além do mais, para eles é o evento mais importante para o bairro e o assunto interessa-lhes muito.
O assunto Taça.
Mais uma Taça...
E poucos sabem o que é uma Taça ainda.
Um projeto da CBC para que atletas nacionais pontuem no Ranking Internacional em casa.
Só isso? Preparou, fez e acabou?
Não. Se acontecer somente o esporte considero que é tudo em vão.
E a festa? Se tem esporte, tem que ter festa. Tem que ser comemorado!
Tem que ter festa para o atleta, para o público e para quem contribui com o crescimento da modalidade olímipica.
Tem que ter orgulho de uma prova internacional no Estado.
Tem que ser mais que uma simples prova.
Tem que ter barulho e muita criança.
O suor tem que ser maior que a lágrima e o grito de vitória menor que a superação de todos.
Tem que ser bagunça organizada onde o improviso vira projeto para o próximo ano.
Onde o que faltou venha incomodar por 1 ano à frente.
A opinião dos atletas deve ser respeitada e a vontade de cada um ouvida e analisada.
Por que uma Taça tem que ter projeto ambiental paralelo? Simples. Nosso palco é o Meio Ambiente. A Taça tem que ensinar isso a todos os atletas. Tanto para o que está aprendendo e até mesmo para aquele que se acostumaram com a força bruta e já se esqueceram de olhar à sua volta.
Pra quê ensinar as crianças? O que tem a ver com o evento em si? TUDO. A pergunta deveria ser: Pra quê a Taça, se nem uma criança não consegue entender o que está acontecendo ali? NADA.
Meses de preparo para algumas horas de espetáculo. Isso também é Taça.
Noites a fio, dentes rangendo, caderneta na cabeceirada cama também é Taça.
É difícil para todos os envolvidos. Não perdoa ninguém.
É difícil para um atleta que treina pesado tanto quanto para aqueles que ficam à disposição para que tudo se vá bem.
Muitos estiveram em 2012 e levaram saudades em suas malas.
Sentirei falta daquele ritmo louco.
Sentirei falta dos novos amigos por perto. Me contentarei com a rede social.
Sentirei falta daquela preocupação que embrulha o estômago pela manhã.
Sentirei falta...
Mas não sentirei falta dos erros e entraves que nos ensinam a subir degraus. Já me fortaleceu um pouco mais.
E para fechar, assim como aconteceu no passado, mais um ano os verdadeiros campeões foram contemplados quando a platéia se foi.
Mas é assim mesmo. Campeões de verdade são formados na calada. São projetados.
Se já temos orgulho da Taça, não imagine o tamanho desse sentimento com que o virá no futuro breve!
Certamente teremos alguns nomes para gritar que certamente nos fará arrepiar.
Esses nomes serão filhos da Taça. Filhos de um projeto.
No futuro sairei da linha e serei obrigado a torcer descaradamente por alguém que já foi impactado pelo evento. E o futuro de hoje anda mais rápido que o futuro de ontem.
De forma alguma desmereço os campeões. Jamais! Até porque eles nos ofertam a adrenalina deles para a nossa simples diversão de vê-los.
Só que aqui ficamos, aqui vivemos. A festa se vai e aqui continuamos.
E esse futuro fica aqui, incomodando, quase pertubando.
E vamos cuidar desse futuro.
Temos essa obrigação.
É isso aí Taça!
Em breve você estará de volta!
No próximo ano você nos dará mais prosas.
E vamos ver pouco a pouco seus desdobramentos.
Seus filhos estão aqui e cuidaremos deles para você!
Até breve.