Hard Track Cycletouring na Volta do Desengano, o que é?
Com esse lance da Volta do Desengano no feriadão, algumas
pessoas começaram a me perguntar sobre o que é o tal do Hard Track
Cycletouring. Daí aconteceu um lance legal. Conversei com um amigo pelo zap,
pedi pra publicar e ajeitei algumas coisas no Word. Assim, quem quiser pode
entender um pouco do que é essa modalidade de cicloturismo e também ter ideia
do que rolou na Volta do Desengano, que foi simplesmente espetacular, só ligar
o botão da paciência e ler! Rsrsrs.
Preciso fazer um parêntese na conversa, pra criar o contexto
do assunto. No sábado, quando chegamos em Sossego do Imbé, um distrito de Santa
Maria Madalen – ou só Madalena para os íntimos – estávamos isolados do mundo,
sem energia e sem comunicação. Foi muito proveitoso o momento de bate papo por
lá. Formamos pequenos grupos, cada um no seu interesse de assunto, ou de copo
(rsrsrs). E me deparei conversando com um pessoa especial, o Diuk Mourão,
apresentado pelo casal Gisele e Paulista, que também são cicloturistas. E lá
estava eu, rindo e crivando o Diuk de perguntas. Na verdade eu estava sugando
suas experiências como cicloturista que já cruzou Cuba, foi à China, subiu até
o Campo Base do Everest, cruzou o Nepal, entre outras façanhas internacionais.
Como o “não planejar” é necessário para o sucesso da cicloviagem, onde entrar
no meio, na cultura local é o mais importante. E então conversamos sobre o Hard
Track como uma das vertentes do ciclotur. Rendeu bastante o assunto, como uma
nova experiência que Diuk passou a conhecer nesse evento, diferente da proposta
que ele executa habitualmente.
As observações que são feitas pelos cicloturistas são bem
legais aos olhos das pessoas que curtem o cicloturismo tradicional,
principalmente quando alguma sumidade cicloturística está a contar fatos. Porém
muitos são como eu. Não tem tempo para viajar dias, até mês ou meses. Mas
queremos viajar de bicicleta. E se gostamos de MTB, de terra, lama e diferentes
condições, queremos algo pré-planejado e contar com apoio caso algo dê errado,
nossa casa é o Hard Track Cycletouring. E pelas trocas de experiências, não
teremos menos experiências, dentro dessas condições planejadas, que qualquer
outro cicloturista. Basta colecionarmos lugares e diferentes eventos e não
perder tempo para entrar na vida de cada cidade para praticar o turismo a
fundo.
Vejam que interessante a conversa sobre esse assunto.
É tipo uma corrida?
Resposta: Não.
Mas é um esporte?
Resposta: Sim. A base é o Ciclismo Off Road, principalmente
o Moutain Bike.
Posso usar uma bike simples ou só bicicleta top?
Resposta: A que for melhor pra você, dentro das suas
condições financeiras ou a que te fizer bem no momento. Só tem que ser uma MTB.
Se o cara quiser dar uma acelerada, pode?
Resposta: Pode, mas vai deixar de curtir algumas coisas,
certamente.
Posso parar pra tirar foto?
Resposta: Sim, deve! Paramos em algumas cachoeiras, ou
embaixo de alguma ponte, até mesmo pra refrescar no riacho. E tiramos fotos de
tudo, porque recordar é viver e faz parte de uma boa viagem.
É tão difícil assim como falam?
Resposta: Nem tanto. Mas é bom que tenha desafios diários,
metas a serem cumpridas. E é melhor ainda que o participante tenha preparo para
não sofrer e poder curtir sua bike no ambiente do trajeto.
O que difere então do cicloturismo normal?
Resposta: No normal, ou de alforjes, ou trip trail, não tem
cara de evento, não tem guia, não tem meta. No hard track existem as metas
diárias, e é bom que você cumpra as metas. Senão você tem que cumprir no carro
de apoio. As pousadas ou pontos de paradas são planejados.
Tem gente que não tem tempo de fazer um trip trail, mas quer
fazer uma cicloviagem.
E com o hard track, ou até mesmo com o speed touring,
pessoas com tempo reduzido têm essa condição de viajar, de curtir, de ter apoio
pra fazer isso.
Essa é a diferença, você tem condição de cumprir as metas
porque se algo acontecer, terá como chegar lá, nem que seja tendo apoio pra
reparar algum problema, pra ter alimentação em um lugar onde não tem nada, ou
até mesmo subindo num carro de apoio.
Mas tem largada e chegada?
Resposta: Não podemos dizer que é uma largada. Como o hard
track tem uma programação, aproveitamos o momento pra confraternizar, tirar uma
bela foto de grupo e partir pra mais um dia de pedal. E as pessoas precisam
identificar o guia todos os dias. Esse é o momento, nessa tal largada. Chegada
é só chegar. E quando um grupo se forma, cada um que chega é saudado pelos
companheiros, por concluir o desafio do dia. Depois é festa. Cada um faz o que
quer, se junta como quer, combina pra sair ou pra bater papo. Essa é a chegada
e a premiação do dia.
Nessa tal largada todos saem juntos, mas chegam em grupos ou
sozinhos. Às vezes andamos sozinho na estrada, mas olhamos pra trás, vemos
outras pessoas ou apoio. E andar só, nesse tipo de cicloviagem, também é legal.
Às vezes precisamos do silêncio, de ouvir a natureza e de colocar nossos
pensamentos em ordem. Não há situação melhor. E se formar grupos, as risadas
são certeiras! É só relaxar que há prazer pra todos.
Estou tentando entender bem, então é tipo uma aventura de
bike, misturada com uma viagem, tipo um pacote onde está tudo programado. É
isso?
Resposta: Bom, vamos lá. Se você gosta de MTB, de aventura,
tem um grupo legal andando no mesmo ritmo, aguenta um tranco legal de pedalada,
não tem muito tempo, quer fazer uma cicloviagem com amigos ou fazer novos
amigos, não tá a fim de competir, o seu nicho dentro do cicloturismo é o hard
track cycletouring.
Hoje ainda estamos vendo um pacote aberto. Você paga algumas
coisas, outras paga ao longo do caminho, pra que você ainda participe um pouco
do espírito de planejar. A equipe da organização auxilia e indica locais onde
dormir, onde comer, onde encontrar, e assim vai. Mas há as previsões para os
pacotes fechados, tipo ‘all inclusive’. Funciona também. Porque a raiz do hard
track se desenvolve pelo caminho, com o apoio. O restante é só a facilidade a
ser dada ao participante.
E pra criar um roteiro desse tipo, é complicado? Como foi
esse aí?
Resposta: Então, não é tão fácil assim. Eu vi nascer, pude
ajudar em algumas poucas coisas, e demanda muito contato. Buscar pontos de
interesse pelo caminho, nomes, histórias, elementos naturais, integração com
comunidades e demais. O caminho não pode ser duro de tal maneira que só ofereça
dor, nem fácil, pra que o desafio tenha sabor de conquista.
Parece complexo, mas não é. Depende sim de uma região
apropriada, que tenha esses pontos para oferecer e que sejam interessantes. E
precisa também de uma pessoa com experiência em MTB, em guiar grupos de
pedaladas, pra identificar o quanto de desafio está sendo oferecido. Madalena é
simplesmente o local perfeito pra abrigar essa saída e chegada. As cidades
envolvidas foram sugadas do seu melhor do MTB, por caminhos que ativam os
hormônios da satisfação, do bem estar e também a adrenalina. Tudo casou nesse
circuito que na verdade foi criado pensando no tri trail, porém todos viram que
o corpo estava certo, só a roupa que não estava bem ajustada. Tirou o trip trail,
colocou o hard track. Pronto, tudo na medida!
Posso fazer sem ser um evento?
Resposta: Sim, claro. Depende só de você e da sua programação
de apoio.
Só que muita coisa pode se perder. É ideal que procure quem
conhece cada detalhe, conhece pessoas ao longo do caminho e que saiba dar o
apoio correto.
Eu já fiz hard track com apoio caseiro, com pessoas indo no
meu carro de cidade em cidade, me permitindo levar apenas o material de trilha
e tendo todo o conforto necessário quando conquisto a meta do dia.
Já fiz também num estilo mais simples de trip trail, levando
apenas uma mochila bem pequena, pra não pesar muito, me virando com o pouco que
eu tinha levado. Não curti o peso demasiado nas costas, nem a falta de vários
itens quando chegava nas cidades. Por isso digo que nesse circuito o melhor é o
hard track mesmo. Te permite ir puro para as estradas e te dá o devido conforto
pra curtir momentos especiais de integração com os amigos.
É rapaz, acho que meu estilo é sim o hard track. E se eu
fosse do asfalto, seria o speed tour. Não tenho muito tempo e quero curtir
essas viagens. Vou ficar de olho e agitar a turma.
Resposta: É isso aí. Vale cada segundo, cada metro andado.
Ainda mais quando estamos querendo curtir uma aventura com responsabilidade,
respeitando as regras nas estradas, curtindo paradas estratégicas. Competir é
bom, faz bem e eleva nossa estima. Andar livre, liberto, curtindo o tempo e o ambiente,
com a pressa que a sua mente mandar, aumenta sua estima também, te dá
experiência, aumenta sua paixão pelo esporte e te faz sentir mais vivo. Além da
grande capacidade de socialização. É simplesmente TOP!
Pra fechar, curta o Hard Track Cycletouring um dia e verá
como é bom para sua mente, seu corpo, sua alma e a sua paixão pela bike e o
MTB! Simplesmente VIAJE, de BIKE!
Texto extraído do Facebook, perfil de Eduardo Almeida.
Fotos: Hudson Malta/BikeBros
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